21/10/2007

Quem sofre?

No meio desta história toda quem sofre? Não falo de mim nem da revolta que me assola, mas das pessoas que me rodeiam. A partilha de uma vida durante muito tempo faz com que se criem coisas em comum. Quando essa partilha acaba o que acontece ao que era comum? Divide-se? Atira-se para o lixo? Ou tenta-se que permaneçam em comum? Seria fácil se falássemos de algo material, mas é diferente quando falamos de pessoas, de amigos. São eles que nos amparam nos momentos maus e se alegram connosco nos bons. Numa situação como esta sofrem porque não é fácil amparar um amigo sem sentirem que traem o outro. Não queria estar na pele deles... Se algo me faz querer permanecer fiel aos meus princípios são eles. Se um amigo meu difamar outro amigo meu vou ficar magoado com o primeiro, por isso aceito que haja pessoas magoadas comigo. Mas não consigo ser racional o suficiente para evitar que a minha dor fale mais alto. Eles ouvem e sofrem pois não podem apoiar-me incondicionalmente... eu também não o faria. Mas se não desabafar com eles desabafo com quem? Será que serão capazes de me dar o desconto e perceber que grande parte do que digo vem da raiva e mágoa que me preenchem? Confio que sim. Mas e se, para além das palavras duras e agrestes eu passasse aos actos? Será que eles aceitariam uma mudança radical de carácter num amigo? Não estaria eu a traí-los? Como reagiriam perante a decepção? Prejudicar um amigo do meu amigo mesmo que não me diga nada poderá ser uma traição à nossa amizade? Estas questões pairam na minha cabeça dia e noite e não se calam. Por um lado o desejo de justiça (ou vingança?!) que, não sendo solução, iriam acalmar, ainda que momentaneamente, a minha dor. Por outro, a ideia abominável de trair a confiança de um amigo. Faça o que fizer... saio a perder! Desaparecer do mapa seria mais fácil, mas covardia também não faz parte dos meus princípios.
Um dia a minha dor vai acalmar e, ao olhar para trás verei as consequências dos meus actos, e terei de viver com elas. A única coisa que tenho medo é de reparar que magoei as pessoas que gostam de mim...

Sem comentários: