22/10/2007

Navegador abandonado

Estou aqui, deitado no chão lamacento da margem de um rio que outrora naveguei. Estou ferido e cansado. Fui atirado borda fora de um barco que ajudei a construir com suor. Levanto a cabeça com esforço e vejo ao longe esse barco. Enquanto eu me esvaio em sangue, lutando por manter dentro de mim o sopro da vida, o barco navega nas águas conturbadas de um rio traiçoeiro. Quem se manteve no barco faz navegação à vista... era eu quem conhecia o caminho! Num rio difícil de navegar quem decidiu colocar-me de fora e insistiu em continuar a navegá-lo ignora o abismo para onde se encaminha... Deverei acenar? Deverei avisar e ensinar o caminho? Ou deverei deixar que o barco siga o seu rumo e assistir, sentado na minha margem lamacenta, à queda do barco que foi um sonho, também meu, de onde alguém me expulsou? Uma coisa sei... o barco já não é meu... salve-se quem puder.

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