20/09/2007

Como cheguei aqui

Estou num poço...
Foi a esta brilhante conclusão que cheguei nos últimos dias. Há momentos nas nossas vidas que nos podem traumatizar e deixar marcas. E as piores marcas são as invisíveis. Há algum tempo atrás a morte do meu pai colocou-me numa situação complicada a nível emocional. Entrei num turbilhão de sentimentos que ainda hoje não consigo definir. Mas se esses sentimentos são normais em tal situação, normal não é ficar dentro daquela espiral por tempos intermináveis... mas eu fiquei... qualquer coisa como 3 anos e meio!!! Ao lêr-se isto poder-se-ia pensar que já saí... mentira... continuo. A diferença é que agora tenho noção disso.
Durante todo este tempo vivi enclausurado sem ter noção disso. Deixei de comunicar com o exterior e não permiti que comunicassem comigo. Acabei por afastar quem me rodeava, principalmente quem mais me apoiou e mais significava para mim. Lixei tudo...
Eis então que acontece um terramoto na minha vida e percebo o que se passa. Tenho então noção da situação em que estou. Olho-me ao espelho e não me conheço...
O primeiro passo está dado. Reconheci que estou no buraco! Agora resta-me dar todos os outros passos necessários a recuperar quem era antes disto.
Manter uma relação a dois exige muitos sacrifícios. O amor tem que ser alimentado como a fornalha de um comboio a vapor. Mas para isso precisamos de nos entregar totalmente... o que é impossível estando dentro de um barril fechado!!! Saber escutar é essencial e saber falar, ainda mais... O maior dos meus erros foi, provavelmente, a falta de comunicação. Por isso perdi a pessoa mais importante da minha vida. Chegar a casa de "trombas" e não conseguir desabafar com a pessoa que amo não é propriamente algo de que me orgulhe.
Também aqui dei o um passo. Sinto uma vontade enorme de desabafar e falar tudo o que não disse antes. Tenho noção que agora encho os ouvidos e a paciência dos poucos amigos que me restam com desabafos, lamentações e dúvidas existenciais. Talvez por isso tenha sentido necessidade de criar este blog. Aqui espero ir colocando todos os meus pensamentos sob a forma de uma espécie de diário de bordo... Vai partir o navio.

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